Cupim Subterrâneo no Litoral Baiano (Bahia / Brasil)

Estado da Bahia / Brasil

O ano de 2016 foi o mais quente já registrado e pelo terceiro ano consecutivo o recorde global de temperatura é quebrado, segundo a NASA.

Os registros começaram em 1880 e a temperatura ficou 0,99º C acima da média do século XX.

Este aumento de temperatura influencia diretamente a biologia do planeta e dentro deste contexto os insetos são os grande favorecidos, principalmente nas áreas tropicais.

Em recente viagem ao sul da Bahia, pude observar o litoral desde Itacaré até Trancoso. 

Registrei alta infestação de cupins subterrâneos nativos da espécie Nasutiternes sp no remanescente da mata atlântica da região.

Soldado de Nasutitermes sp

A grande quantidade de colônias diagnosticadas em uma pequena área é expressada tecnicamente como Pressão de Infestação.

As colônias destes cupins são observadas com facilidade porque possuem um ciclo arbícola durante seu desenvolvimento formando uma estrutura conhecida popularmente como "Cabeça de Nego".

Os túneis nas árvores e o comprometimento da parte central do caule também são indicativos de cupins subterrâneos.

 

O ataque sistemático destes cupins nos coqueirais está causando uma mudança na paisagem.

        

Papa Jaca

Neste desiquilíbrio constatado um outro fator deve ser considerado quando pergunto: Qual é o predador local destes cupins?

E segundo o seu Raimundo (conhecido como Papa Jaca), morador da cidade de Itacaré a 30 anos, na praia de Jeribaçu, relata:

Praia de Jeribaçu

"Antigamente aqui se via muitos tamanduás, alguns grandes e eles se alimentavam desses cupins, subindo em árvores e escavando o murundum (cabeça de nego) com as garras... mas os moradores foram matando e hoje não se vê mais, as queimadas também pegam os bichos pois a pelagem deles incendeia e eles morriam queimados..."

Tamanduá subindo em árvore

O avanço da infestação já está chegando nas grandes áreas de reflorestamento de eucaliptos mais para o interior da Bahia que servem a empresa brasileira Suzano Papel e Celulose, com 6 unidades no Brasil sendo uma em Mucurí, extremo sul da Bahia.

Esta empresa realiza operações globais em 60 países, compreendendo negócios no ramo Florestal e Celulose Papel, com um quadro 8.000 funcionários.

A companhia possui 803.000 hectares de área florestal por todo o Brasil.

A monocultura do eucalípto com sua baixíssima biodiversidade é fatal para os tamanduás, outros animais e aves, mas para os cupins subterrâneos é mais uma fonte de celulose livre de predadores.